segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Reflexão

A geração da rapidinha chegou. Foto bonita no Facebook, entra na página, vasculha o perfil, descobre quem é pai-mãe-melhor amigo-cachorro-casa de praia-onde passou o último verão-e quem foi a última namorada. Adiciona como amigo. Aceitou. Manda Inbox. Respondeu. 10 frases e passa o WhatsApp. -Oi, oi; por aqui é bem melhor. -E aí, o que vai fazer no fds? -Vou na festa e vc? -Também. -Então nos encontramos lá. Alguns dias de ansiedade e chega a hora. Será que ele vai? Com que roupa eu vou? Batom vermelho? Acho que não rola amiga. Vai de nude, salto e saia. -Oi, oi; prazer, prazer. Beijos!!!! Beijos… Beijos sem muita conversa. Mas também, porque beijos precisam ser quase imediatos? Daí rola aqueles olhares sem muita profundidade. Vontade sem muito entusiamo. Mas o que podemos esperar de uma relação tão sem “relação”? Mas está bom, melhor que nada. Vida de solteira anda meio difícil não é mesmo? -Deixa que eu te levo em casa então.

No outro dia de manhã tem WhatsApp. Quem manda primeiro? Quem está mais interessado? Não, quem é mais maduro. Um oi e um tchau. Uma noite, duas noites… Uma semana e uma mudança de lua são suficientes para acabar. A regra das relações rapidinhas segue a mesma constância: acho que não era para ser. É alto demais, é loiro, não trabalha, tem poucos seguidores, vive na balada, gosta de comer milho na frente dos outros e tem uma família meio torta. “Nada”, isso é o que significa as características que usamos para terminar alguma coisa que mal teve a chance de começar. A gente corta as asas de quem nem aprendeu a voar ainda. As pessoas perderam o olhar longo, a jogada de cabelo… Perderam a emoção de um sms escrito “estou com saudades”. Será que ninguém mais tem vontade de olhar as estrelas sem pensar em mais nada além daquele momento? Com aquela pessoa? Será que eu estou sozinha nesse mundo super lotado de pessoas sempre online?

Parece que nada mais tem graça, parece que tudo anda meio vazio. Tudo é tão igual. A gente está perdendo a sutileza de saber o que significa se entregar, merecer, conquistar, estar, viver… Se perceber e se doar. Se amar e admirar a cor dos olhos do outro. A textura do cabelo, os ossinhos da mão e o jeito de andar rápido quando está atrasado. Sabe aquela voltinha na coluna que ninguém tem igual a ninguém? Ninguém mais repara nela. A gente existe por likes. Viaja por comentários, e vai para academia pelo espelho. A legging mais confortável perdeu espaço para a mais bonita. Essa é a lógica das relações de hoje: o que faz bem foi deixado de lado pela triste beleza do que faz mal. Eu tenho medo de pensar onde isso vai parar. Em um mundo onde se compra casamentos, seguidores, silicones, bocas carnudas e o perfect365 é de graça, eu fico pensando: será que um dia alguém ainda vai reparar quantos tipos de sorriso eu tenho?

– Suh Riediger

domingo, 9 de dezembro de 2018

Amor Completo

Para você que está postando que tem um amor completo saiba que!

"Em junho de 2013,

poucos dias antes do dia dos namorados,

minha namorada terminou comigo.

Eu fiquei sem entender.

Voltei pra casa e durante todo o caminho me perguntava:

“Por que?”.

A única coisa que vinha na minha cabeça

era a voz dela dizendo:

“Eu amo você”.

Eu passei um mês sofrendo

procurando respostas para o que estava acontecendo.

Um dia, entrei no quarto do meu pai chorando e perguntei:

“Pai, ela dizia que me amava.

Então, por que ela terminou comigo?”.

Ele respondeu:

“Meu filho,

Quando alguém entra na sua vida

e depois de algum tempo vai embora,

pode ser qualquer coisa

menos amor”.

Eu disse:

“Não da para entender.

Um dia, existe amor e no outro tudo acabou”.

Ele respondeu:

“Você nunca vai superar seus traumas

se continuar procurando no amor uma lógica.

Construa uma nova história”.

Eu perguntei:

“E de onde vem essa força pra começar algo novo?”

Ele respondeu:

“Não se preocupe com isso.

Todo começo vem de um final”.

Uma semana depois,

meu pai foi diagnosticado com uma doença rara e degenerativa

que iria matá-lo em alguns dias.

Minha mãe não o abandonou.

Ela ficou.

Meu pai saia toda sexta para comer pizza com dois irmãos.

Quando ele parou de andar,

meus tios começaram a trazer a pizza aqui em casa.

Eles diziam:

“Sem o seu pai, não tem graça”.

E ficavam a noite inteira dando gargalhadas.

Hoje, meu pai não consegue mais comer.

Mesmo assim, toda sexta meus tios passam aqui em casa.

Meu pai estudou em Ouro Preto-MG.

Na formatura ele combinou com três amigos

de se encontrarem de cinco em cinco anos.

Este ano, meu pai não pode ir porque ele não anda mais.

Os amigos dele saíram do interior de Minas e vieram até aqui em casa.

Todo formando tem uma foto pregada na parede

na república que estudou.

Os amigos do meu pai trouxeram a foto dos quatro.

Pregaram a foto de cada um na parede do quarto e disseram:

“Agora, a nossa república é a sua casa”.

E combinaram que daqui cinco anos estariam de volta.

Meu pai chorou.

Meus pais completaram 47 anos de casados dia 2 de junho.

Eles sempre dançaram nesse dia.

Meu pai não consegue mais se levantar.

Minha mãe entrou no quarto

e colocou a música que eles dançavam.

Ela disse:

“Meu filho, traz a cadeira de rodas”.

Eu perguntei:

“O que você vai fazer?”

Ela respondeu:

“Vou fazer o que seu pai faria por mim”.

Eu busquei a cadeira de rodas.

Minha mãe colocou meu pai na cadeira.

Ela ajoelhou ao lado dele

e disse:

“Vamos dançar”.

Abraçou meu pai e fez a cadeira girar.

Ela ficou ajoelhada a música toda.

Meu pai chorava e ria ao mesmo tempo.

Eles ficaram ali dançando e se divertindo.

Eu voltei pro meu quarto chorando.

Abri o notebook e resolvi escrever esse texto.

Porque eu vejo o mundo distorcendo

ou complicando demais o amor.

Um monte de gente dizendo

fique com alguém que faz isso, que faz aquilo,

que te de isso, que não sei o que mais.

Esse monte de regras e exigências,

são coisas criadas pela cabeça.

E, meu velho, não sei se você sabe

mas o amor é criado pelo coração.

O resto, é ilusão.

Então, acredite.

O amor, amor completo

é quando você quer o outro sempre perto.

Só isso"A
Autordesconhecido

domingo, 18 de novembro de 2018

Reflexão


A gente morre e fica tudo aí,
os planos a longo prazo e as tarefas de casa,
as dívidas com o banco,
as parcelas do carro novo que a gente comprou pra ter status.
A gente morre sem sequer guardar as comidas na geladeira,
tudo apodrece, a roupa fica no varal,
a gente morre, se dissolve e some toda a importância que pensávamos que tínhamos,
a vida continua, as pessoas superam e seguem suas rotinas normalmente.

A gente morre e todos os grandes problemas que achávamos que tínhamos se transformam em um imenso vazio, não existem problemas. Os problemas moram dentro de nós. As coisas têm a energia que colocamos nelas e exercem em nós a influência que permitimos.

A gente morre e o mundo continua caótico, como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença.
Na verdade, não faz.
Somos pequenos, porém, prepotentes. Vivemos nos esquecendo de que a morte anda sempre à espreita.

A gente morre, pois é.
É bem assim: Piscou, morreu.
O cachorro é doado e se apega aos novos donos.

Os viúvos se casam novamente, fazem sexo, andam de mãos dadas e vão ao cinema.

A gente morre e somos rapidamente substituídos no cargo que ocupávamos na empresa.

As coisas que sequer emprestávamos são doadas, algumas jogadas fora.

Quando menos se espera, a gente morre. Aliás, quem espera morrer?
Se a gente esperasse pela morte, talvez a gente vivesse melhor.
Talvez a gente colocasse nossa melhor roupa hoje, fizesse amor hoje,
talvez a gente comesse a sobremesa antes do almoço.
Talvez a gente esperasse menos dos outros,
se a gente esperasse pela morte, talvez a gente perdoasse mais, risse mais,
saísse a tarde para ver o mar, talvez a gente quisesse mais tempo e menos dinheiro.

Quem sabe, a gente entendesse que não vale a pena se entristecer com as coisas banais,
ouvisse mais música e dançasse mesmo sem saber.

O tempo voa. A partir do momento que a gente nasce,
começa a viagem veloz com destino ao fim - e ainda há aqueles que vivem com pressa!
Sem se dar o presente de reparar que cada dia a mais é um dia a menos, porque a gente morre o tempo todo, aos poucos e um pouco mais a cada segundo que passa.

O que você está fazendo com o pouco tempo que te resta?