segunda-feira, 14 de março de 2016

Ele...simplesmente Ele

Dia 11/09/2012 você me perguntou o que eu quero ou espero de você...esta ai é a resposta, lembre-se sempre que o homem mais importante da vida de uma mulher, não é  o primeiro, e sim aquele que não deixa o próximo existir.
Quero 24 horas de amor contigo. Mas não estou falando só de sexo, mas amor de falar baixinho de baixo dos lençóis. De tomar banho juntos e dividir a mesma toalha. Amor de ir pra cozinha e nos divertir preparando algo de bom pra comer. Fazer brigadeiro e assistir um filme legal. De pedir uma pizza e comer a luz de velas. De ficar discutindo se vamos ter filhos e os programas que vamos fazer quando estivermos velhinhos. Amor de beijos intermináveis, abraços longos e trocas de olhares e sorrisos. É, 24 horas vai ser pouco tempo para tantos planos para uma vida inteira.Quero uma vida inteira ao teu lado, quero acrescentar após  meu sobre nome Silva, o teu Oliveira.Quero ser tua para sempre e quero que você seja meu, com a mesma exclusividade com que serei sua. Quero mais que um amante, quero um amigo Quero proteção, quero cumplicidade.
Quero um homem que me ame e que saiba me deixar amá-lo. Alguém para andar de mãos dadas, preparar as reuniões juntos, estar presente em todas elas....
Quero alguém que me queira bem e que adore o meu Deus acima de qualquer coisa.....
É...é você que eu quero.
Fica com Jeová (Isaias 41:10)

Encontrei esta resposta na agenda de maridovisck... E há dois anos um mês e 14 dias..depois do Silva...ele me deu o Oliveira.

Ele é um chato...mas é meu amor....

Posso ser uma chata também...mas não uma chata qualquer...SOU SUA CHATA.









Extremos da paixão



Não, meu bem, não adianta bancar o distante lá vem o amor nos dilacerar de novo...

Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.

Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.

No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe,berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya, ilusão, passatempo. E exigimos o terno do perecível, loucos.

Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolo sem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.

Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.

Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

Caio Fernando Abreu